segunda-feira, 8 de março de 2010

Alerta: Belo Monte


Um leitor do blog, o Ricardo Machado, vem me alertando sobre a polêmica que ronda o licenciamento conturbado da usina hidrelétrica de Belo Monte. Vocês devem se lembrar daquela cena tão divulgada nos jornais, de uma índia com o facão no pescoço do engenheiro, que conduzia a audiência pública na qual eram explicados os objetivos da obra. Pois bem, ela estava se opondo a essa hidrelétrica!

O conflito de Belo Monte ocorre em uma região de expansão da fronteira agrícola na Amazônia – intensificada no Governo Militar pós-1964 – que foi abandonada pelo Estado brasileiro. O fato gerador de conflitos é, aparentemente, o projeto de um complexo hidrelétrico, mas, na verdade, a região de Altamira acumula uma longa história de embates, envolvendo índios, madeireiros, latifundiários, grileiros, biopiratas, pequenos agricultores, entre outros, em um grande e explosivo caldeirão político, econômico e social.

Não são poucas as manifestações contrárias à construção de Belo Monte. Os povos tradicionais e os movimentos sociais locais são veementemente contrários à concretização da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, inúmeros cientistas e especialistas alertam para os impactos à floresta, ao rio, à pesca e à região; técnicos do Ibama emitiram parecer contrário à construção da usina; o próprio Ministério Público Federal e Estadual questionou a legitimidade do processo de licenciamento ambiental.

Caso ocorra, a obra inundará 51.600 ha de floresta, construirá dois canais de 500 m de largura e 30 km de comprimento - com um volume de terra a ser retirado e de concreto para forrá-los que supera o do Canal do Panamá - , secará 100 km de leito do rio, submergindo a Volta Grande do Xingu, desalojará cerca de vinte mil pessoas e levará cerca de cem mil pessoas à região, causando imensuráveis e irreversíveis impactos socioambientais.

Mesmo assim, presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou no último dia 18 de fevereiro que o Banco está pronto para financiar o vencedor do leilão de Belo Monte.

No dia 24 de fevereiro um grupo de ambientalistas de várias ongs, estudantes, a sociedade civil e outras entidades, protocolaram no IBAMA uma carta de repúdio a concessão de LP para Usina Belo Monte. Depois de manifestação pacífica com cartazes, apitaço, batucadas, leitura de manifestos contrários à autorização dada pelo IBAMA, este órgão recebeu uma comissão dos manifestantes ficando de se pronunciar quanto ao documento recebido com o pedido de cancelamento da licença prévia(LP).

Vamos continuar acompanhando e divulgando a repercussão desse caso.


Fonte: artigo de Ivan Dutra Faria e Eco agência

Um comentário:

Patricia Vilas Boas disse...

Ai Marilan, essa história de Belo Monte me assusta... Acho que há tantas dúvidas e incertezas envolvendo o projeto que ele deveria ser repensado antes de continuar o licenciamento e tudo mais. Fico pensando nas terríveis consequências que pode gerar... Vamos ver no que dá.